domingo, 30 de agosto de 2015

Parto humanizado

O parto humanizado é de extrema importância para o casal, pois se percebe benefícios para saúde do bebê, da mãe e do pai, tratando-se do psicológico e físico. O pai tem a oportunidade de acompanhar todo o processo junto com a gestante, desde a gestação até o puerpério.
A gestante(mãe) tem a vivência de estar sendo acolhida de uma maneira humanizada pela equipe médica, pelo pai da criança que, neste processo de descobertas junto com a mãe do bebê, acaba sendo sensibilizado em um universo feminino que ele até então era desconhecido, assim é gerado um vínculo afetivo maior entre os pais e bebê.
Enxergar o ser humano além de um simples “corte de cesariana” é humanizar, olhar a pessoa dentro das suas próprias necessidades, lembrando que, cada gestante tem seu tempo e particularidades diferentes. O parto normal valoriza o ser humano, o “natural fisiológico” da mulher, ou seja, o momento certo do nascimento é respeitado através dos sinais naturais que lhe são transmitidos pelo seu próprio corpo, em uma intensidade emocional e brutal única. Esta é uma visão humanística e plena, olhando para além do corpo, considerando a alma e suas emoções.    

Para o bebê, no momento em que ele vai para o colo da mãe, após todos esses afetos, a experiência de amor é sentida, com a certeza de um acolhimento final e que irá começar a partir dali, em um ciclo e ambiente familiar que predomina o amor que é um sentimento tão profundo e ao mesmo tempo tão simples de ser cultivado e permanecido, pois através dele podemos transformar famílias.  

sábado, 29 de agosto de 2015

Corpo x Alma

TEXTO: Mecanização dos corpos e a influência dos sentimentos para uma verdadeira humanização

O mecanicismo dos corpos e ou a “coisificação” do ser humano surgiram a partir da filosofia cartesiana com o dualismo entre corpo e alma. Esta visão reducionista, de que o corpo é uma máquina ainda existe na contemporaneidade.
O que une corpo e alma são as paixões, pois segundo Descartes, o sujeito se define através do pensamento, onde as paixões são pensamentos da alma, tendo como sua principal consequência o trabalho de induzir a alma a um direcionamento de sua atenção, voltando-a para os efeitos causados pelos afetos no corpo.
Nesta interação de corpo e alma, Descartes é o único que leva em conta a fisiologia das emoções, advindas da paixão, tais como: alegria, tristeza, raiva, ódio, amor e desejo.
Ainda em sua teoria, conclui que, a alma está intimamente ligada à glândula pineal, local onde se unem o corpo e a alma, e também o local que os “espíritos animais” e as ações hormonais se encontram.
A impressão que uma percepção causa está na base de nossos sentimentos, que também são explicados por meio de movimentos dos “espíritos animais”, assim os sentimentos provocam alterações fisiológicas.
Portanto, por mais que as paixões sejam da alma, estão ligadas intimamente ligadas ao corpo, ou seja, o “movimento fisiológico” não podemos controlar com a razão, o controle das paixões, por exemplo, não é da ordem da vontade, pois é a emoção que prevalece, atuando diretamente no corpo, nesse movimento.
Entretanto, o que importa é a descoberta que mesmo que corpo e alma tenham funções e conceitos diferentes, estão intimamente ligados em um só circuito cerebral.
Diante do exposto, devemos ressaltar a importância dos sentimentos para uma verdadeira humanização no âmbito da saúde, educação, entre outras instituições e meios de relacionar-se com o outro. Quebrando assim, a ideia de que o homem é uma máquina, que não pode ter emoções, que não pode adoecer e nem sentir...isto seria desumano, então já que somos um ser humano composto de matéria (corpo), alma e espírito onde todos estão interligados, pois sem um deles o outro não sobreviveria em sua “normal existência”.
Vivemos em um mundo contemporâneo, que ao invés de educar o sujeito a conhecer a si mesmo, e assim poder conhecer e apreender o mundo de uma maneira saudável, estamos construindo “pessoas robotizadas”, entupidas de informações, sendo que o principal está adormecido que é o que nos faz feliz e vivos, onde de uma maneira tão simples poderíamos ter acesso, que se encontra dentro de nós mesmos.





sexta-feira, 26 de junho de 2015

Análise de música Racionais x filosofia e psicanálise

MÚSICA NO DIVÃ : RACIONAIS  MC

A música mostra como é difícil ser um preso, sofrendo ameaças de outros presos e da própria polícia. Na detenção tudo pode acontecer a qualquer momento, brigas, assassinatos, onde existe um sistema, onde cada um é por si. Um grito contra as injustiças sociais, de um direito falho e excludente.
Como um sujeito apresenta sintomas pós-traumáticos após ser assaltado, o detento também sofre a mesma sintomática sócio-política, ou seja, o sujeito de não direito sofre uma sequência de desilusões e decepções do sistema capitalista e jurídico do Brasil.
Há um desencantamento social, humano daquele sujeito que se encontra preso, por exemplo, no trecho, “mato tempo pra ele não me matar”.
O detento sente que sua vida tem menos valor para a sociedade do que um celular, deixando claro que vivemos na importância do ter, em um capitalismo desumano onde atropelamos tudo o que “não presta” aos nossos olhos, e isto é grave em uma sociedade, pois este tipo de produção é letal.
“Ser humano é descartável no Brasil”, outro trecho da música que fala da realidade nua e crua, o sujeito pós-traumático tem uma história de traumas que retiram sua condição inserida no sistema, sendo apenas uma representação real e simbólica do inimigo que é combatido pela sociedade.
Portanto, o papel da filosofia e da psicanálise é denunciar este caráter massivo e identificar esta lógica sintomática, oriunda de uma ideologia falsa e contraditório.
 

      

Experiência de Vida e Morte, segundo a psicanálise e filosofia

Experiência de morte e vida: psicanálise, filosofia e mística

A psicanálise e a literatura revelam claramente a luta entre pulsões de vida e de morte. Confrontamo-nos psiquicamente com a vida pela condição de humanos e mortais.
Um exemplo claro sobre estas pulsões é o relato do texto: “O silêncio que se rompe”, da autora Lêda Guimarães.
O texto supracitado relata o caso clínico de uma histérica, que em seu gozo masoquista, de se fazer objeto de gozo para o Outro, ou seja, se o masoquismo é sentir prazer pela dor, isso de acordo para a psicanálise é doentio, faz mal, experimentação de morte. Ao decorrer do processo analítico, começa a emergir na paciente uma nova posição subjetiva, sustentada na prevalência do desejo, posição de se deixar levar, pois antes a histérica tinha fobia da “esperança amor”, pois articulava o gozo à castração imaginária. O ato analítico a fez renascer para a vida, o que era dor de existir, transmuda-se em satisfação por aceitar, enfim à condição humana.   
Encontrei uma frase de música do Criolo: “Não existe amor em SP”, que diz: “Não precisa morrer pra ver Deus, não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você”.
Analisando este trecho, percebi que, não se precisa da morte para encontrar a plenitude e a transcendência, basta em vida enxergar que as coisas são como elas têm que ser, aceitar que existe a saúde e a doença, como existe a vida e a morte, sendo que o melhor para todos é saber viver, saber respeitar a natureza, respeitar as pessoas, respeitar o curso da nossa existência e ter a consciência de que somos passageiros neste mundo, então para ter uma boa relação com a vida, precisa-se transcender também em vida, para podermos entrar em contato com o invisível, com a paz interior e é nesta plenitude de corpo, espírito e alma que almejamos chegar, quando nos aproximamos da humanidade verdadeira.
A experiência mística não entra no campo da linguagem, escapa a qualquer referência, até mesmo corporal. A desapropriação do corpo é a união de amor da alma com Deus.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Humanismo nas Sociedades Pós Modernas

HUMANISMO NAS SOCIEDADES PÓS- MODERNAS

Na sociedade pós-moderna o humanismo encontra-se perdido, o ser humano vive em uma tentativa desesperada pelo simples motivo: “ser humano”, onde a demanda contemporânea é sufocante, fria, competitiva e esmagadora.
O homem torna-se máquina a partir da ciência moderna. O cientificismo, a mecanização que a tecnologia provocou a nível sociológico afastou o homem de sua essência humana, lembrando-se da frase: “o homem é lobo do homem” de Thomas Hobbes, no sentido de que há uma autodestruição em massa em busca do poder, status.
A sociedade capitalista, pós-moderna, mantém a fé no imediatismo, que lhe traz comodidades, facilidades, entretanto, esquecendo-se das relações interpessoais, da importância do olhar, das sensações, não abre mão das suas próprias conquistas evolutivas.
O sujeito pós-moderno matou Deus, em sua prepotência, onisciência, tomando seu lugar. Em minha opinião, é o início do fim da humanidade, a não ser que tudo se transforme.
Os replicantes do filme pretendem evoluir mais que o ser humano, mas existe um prazo de vida, o que os deixa indignados, em tal proporção que, começa uma guerra entre eles. O mundo da razão destruiu valores, princípios, a moral e a ética, permeando um descontentamento com o todo, apesar de toda conquista “cravada”.
Segundo o filósofo, Jorge Alemán, a falta de respeito é a falta de distância simbólica que implica o conceito psicanalítico de castração. Desaparecimento da memória; declínio da imagem paterna; aumento do racismo; globalização.
Época pós-moderna, retratada no filme, onde o machismo ainda predomina. Esquizofrenia do sujeito moderno que se fragmentou em múltiplas identidades contraditórias e mal resolvidas. Vivemos uma busca incessante através do holismo com sua procura por uma unidade, que na realidade não existe, pois é pela multiplicidade que os diferentes seres se relacionam.
Tenho a impressão que as pessoas “se suportam”, pelo fato da ausência de respostas emocionais que denunciam a artificialidade na qual estamos inseridos, pois o ser humano necessita de troca, afeto, de um sentido na vida que lhe dê um real, nem que seja imaginário, mas de prazer de estar no mundo. Hoje, a desalienação é perigosa, pois é excludente.
“Os bonecos” do filme, alimentados pela tecnologia exacerbada, representa o mundo artificial, virtual no qual vivemos. Estamos comprometidos em contratos temporários, nos âmbitos emocionais, ocupacionais, entre outros.
Para finalizar, ressalto a importância da transcendência, pois é essencial ao homem, sendo quase inato ao ser humano a necessidade de apoiar-se à algum superior, seja ele de qualquer crença, algo que venha do além, que não podemos ver, e sim sentir.           


sábado, 23 de maio de 2015

sujeito pós traumático



A sociedade capitalista transformou o homem- corpo em homem espécie, segundo Michel Foucault, denominado de “biopolítica” da espécie humana.
O poder disciplinar é centrado no corpo, individualizado. Por outro lado, existe o biopoder, que visa o equilíbrio global, a segurança do conjunto em relação aos seus perigos internos. Podemos observar que, a instituição religiosa obtém uma forma de controlar e manipular os seus seguidores, mostrando que doando seu dinheiro é prometido que Deus perdoará seus pecados, a mulher da cadeira de rodas voltará a andar, e assim, o sujeito pós-traumático que é sofrido, excluído, rejeitado pela sociedade, muitas vezes porque é pobre, ou cometeu um delito é denominado de homo sacer, tenta dar um sentido em sua vida frequentando estas instituições que o faz sonhar no meio da escuridão, ou melhor, do abismo social.
Neste contexto supracitado, o Estado de Direito é substituído pelo estado de Exceção, onde o que é importante o combate ao não sujeito, ao homo sacer.
No Brasil, onde vivemos uma democracia, uma pessoa que significa uma ameaça no âmbito social, ela deve ser punida, não necessariamente enclausurada, confinada em um espaço, mas a partir do momento em que ela é negada a exercer seus direitos, sua ficha criminal fica suja quando é enquadrada em algum artigo, e consequentemente sua vida transcorrerá como uma bola de neve, ou seja, tornará uma pessoa suja para a sociedade, as portas cada vez mais irão se fechar surgindo daí um sujeito de não direito, pós-traumático. No neocapitalismo percorre um fenômeno letal que é a lógica de consumo legitimado da própria vida humana.
Modernidade que não prevalece o ser, tem que ter uma utilidade maior, onde mostra uma venda de um “ser humano mercadoria”, sem ao menos importar seu esforço pessoal e sua subjetividade inserida em um contexto desprivilegiado.
Apelamos para que o outro nos enxergue, “olha pra mim, eu estou aqui...”, sendo que o sistema capitalista é tão selvagem que o desespero e a dor psíquica clamam por dignidade,  caráter, o homem por mais injusto e marginal, ou seja, quando comete um crime, grita socorro, pede compreensão a partir de sua historicidade, subjetividade, e assim, remete-se a injustiça social.Um sujeito que sobrevive de sua própria “morte”.
Os sujeitos da sociedade brasileira sofreram tantos traumas, que são persistentes, que não veem mais na Constituição uma garantia de direitos.