A
sociedade capitalista transformou o homem- corpo em homem espécie,
segundo Michel Foucault, denominado de “biopolítica” da espécie
humana.
O
poder disciplinar é centrado no corpo, individualizado. Por outro
lado, existe o biopoder, que visa o equilíbrio global, a segurança
do conjunto em relação aos seus perigos internos. Podemos observar
que, a instituição religiosa obtém uma forma
de controlar e manipular os seus seguidores, mostrando que doando seu
dinheiro é prometido que Deus perdoará seus pecados, a mulher da
cadeira de rodas voltará a andar, e assim, o sujeito pós-traumático
que é sofrido, excluído, rejeitado pela sociedade, muitas vezes
porque é pobre, ou cometeu um delito é denominado de homo
sacer,
tenta dar um sentido em sua vida frequentando estas instituições
que o faz sonhar no meio da escuridão, ou melhor, do abismo social.
Neste
contexto supracitado, o Estado de Direito é substituído pelo estado
de Exceção, onde o que é importante o combate ao não sujeito, ao
homo
sacer.
No
Brasil, onde vivemos uma democracia, uma pessoa que significa uma
ameaça no âmbito social, ela deve ser punida, não necessariamente
enclausurada, confinada em um espaço, mas a partir do momento em que
ela é negada a exercer seus direitos, sua ficha criminal fica suja
quando é enquadrada em algum artigo, e consequentemente sua vida
transcorrerá como uma bola de neve, ou seja, tornará uma pessoa
suja para a sociedade, as portas cada vez mais irão se fechar
surgindo daí um sujeito de não direito, pós-traumático. No
neocapitalismo percorre um fenômeno letal que é a lógica de
consumo legitimado da própria vida humana.
Modernidade que não prevalece o ser, tem que ter uma
utilidade maior, onde mostra uma venda de um “ser humano
mercadoria”, sem ao menos importar seu esforço pessoal e sua
subjetividade inserida em um contexto desprivilegiado.
Apelamos para que o outro nos enxergue, “olha pra mim, eu estou aqui...”,
sendo que o sistema capitalista é tão selvagem que o desespero e a
dor psíquica clamam por dignidade, caráter, o homem por mais injusto e marginal, ou seja, quando comete um crime, grita socorro, pede compreensão a partir de sua historicidade, subjetividade, e assim, remete-se a injustiça social.Um sujeito que sobrevive de sua própria “morte”.
Os sujeitos da
sociedade brasileira sofreram tantos traumas, que são persistentes,
que não veem mais na Constituição uma garantia de direitos.