Experiência de morte e vida: psicanálise, filosofia
e mística
A psicanálise e a
literatura revelam claramente a luta entre pulsões de vida e de morte.
Confrontamo-nos psiquicamente com a vida pela condição de humanos e mortais.
Um exemplo claro sobre
estas pulsões é o relato do texto: “O silêncio que se rompe”, da autora Lêda
Guimarães.
O texto supracitado
relata o caso clínico de uma histérica, que em seu gozo masoquista, de se fazer
objeto de gozo para o Outro, ou seja, se o masoquismo é sentir prazer pela dor,
isso de acordo para a psicanálise é doentio, faz mal, experimentação de morte.
Ao decorrer do processo analítico, começa a emergir na paciente uma nova
posição subjetiva, sustentada na prevalência do desejo, posição de se deixar
levar, pois antes a histérica tinha fobia da “esperança amor”, pois articulava
o gozo à castração imaginária. O ato analítico a fez renascer para a vida, o
que era dor de existir, transmuda-se em satisfação por aceitar, enfim à
condição humana.
Encontrei uma frase de
música do Criolo: “Não existe amor em SP”, que diz: “Não precisa morrer pra ver
Deus, não precisa sofrer pra saber o que é melhor pra você”.
Analisando este trecho,
percebi que, não se precisa da morte para encontrar a plenitude e a
transcendência, basta em vida enxergar que as coisas são como elas têm que ser,
aceitar que existe a saúde e a doença, como existe a vida e a morte, sendo que
o melhor para todos é saber viver, saber respeitar a natureza, respeitar as
pessoas, respeitar o curso da nossa existência e ter a consciência de que somos
passageiros neste mundo, então para ter uma boa relação com a vida, precisa-se
transcender também em vida, para podermos entrar em contato com o invisível,
com a paz interior e é nesta plenitude de corpo, espírito e alma que almejamos
chegar, quando nos aproximamos da humanidade verdadeira.
A experiência mística
não entra no campo da linguagem, escapa a qualquer referência, até mesmo
corporal. A desapropriação do corpo é a união de amor da alma com Deus.
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